Todos os anos, no primeiro fim de semana de Agosto, somos obrigados a fazer uma retirada estratégica do nosso paraíso em Montargil. As festas da terra são literalmente coladas a casa, e não dão tréguas no que toca ao cheiro de frango na grelha, música aos berros até altas horas da noite, e gente a mais à porta de casa. Três dias de festa da aldeia, non-stop – não dá, não é para mim, não consigo. Solução: fugir.
Este ano foi uma surpresa, o pai marcou o turismo rural, ou melhor dizendo, não marcou!! Aqui fica a história:
Sexta-feira, com zero vontade de ser expulsa de casa, lá começo a fazer as malas. Três dias fora, se fosse só adultos, era só atirar meia dúzia de coisas e já estava. Mas com crianças as coisas mudam. Roupa a mais, porque com o calor eles tomam 50 banhos por dia, brinquedos (demasiados), livros, fatos de banho, e claro, um benuron para safar – mas o termómetro, que é essencial, fica em casa.
Nesta atividade toda, oiço lá do fundo: “Queres as novidades boas ou as más?”. ADOROOO esta frase!! Tradução: alguém fez porcaria, mas já a solucionou. Então era o que? O meu pai marcou o turismo rural, só que esqueceu-se de carregar no confirmar, por isso não marcou… [entenda-se que esta reserva tinha pelo menos três meses, e estamos a falar do fim de semana mais concorrido do ano]. Entretanto arranjaram outro turismo rural – o único ainda disponível – em Fronteira! E assim começa a nossa aventura em Fronteira, Alentejo.
Pode dizer-se que não foi um fim de semana nada cultural, o tempo abrasador simplesmente não o permitiu. Então, como boas barrigas que somos, tornámos um fim de semana cultural num fim de semana gastronómico. [e agora estamos de dieta até 2020]
Fronteira, pequena vila no coração do alto Alentejo, distrito de Portalegre. Segundo o google tem 3500 habitantes, nós se vimos 6 foi muito!
Chegámos ao fim da tarde e fomos diretos para o turismo rural, ao merecido mergulho. Ficamos no Monte dos Aroeirais, um pequeno turismo rural, na periferia de Fronteira. Os quartos modestos a dar para a grande sala de convívio do que parecia uma antiga casa senhorial. O que interessa é que dentro estava fresquinho e os ares condicionados estavam a bombar nos quartos!
127 mil mergulhos mais tarde, e 45 graus, fomos até à vila em busca de um manjar dos deuses. Foi nos recomendado o “Segredo do Alecrim”, no centro de Fronteira, no largo da igreja. Comemos divinalmente, confesso que não esperava um jantar tão bom! Se estiverem por estes lados vale a pena o desvio!
Sábado, acordamos com um calor abrasador e soubemos logo que não iriamos conseguir fazer metade dos nossos planos, devido ao calor extremo. Ainda assim, depois de um bom pequeno almoço e uns quantos mergulhos na piscina, fomos até Vaiamonte, passando por estradinhas em que só passa um carro, e MAL!
Fruto de mais uma dica de locals, fomos almoçar à Estalagem em Arronches. [Aldeia para aqueles lados, não sei muito bem onde]. Não se dá nada pelo restaurante, fica no meio de uma aldeia perdida, mas quando se entra, é enorme.
Mais um food coma e 50 graus lá fora. E de repente ir à Coudelaria, ou mesmo ir ao museu, que sabíamos que não tinha ar condicionado, estava simplesmente fora de questão! Os miúdos fizeram a sesta, e nós fomos a Badajoz abastecer à Mercadona. Fomos a Espanha, não meter gasolina, mas encher o porta bagagem daquelas coisas boas que os Espanhóis têm – fuet, queijo, enlatados e cremes.
No caminho de volta, tudo escuro à nossa volta. Estradas desertas. O vento levanta-se. Começamos a ver aquelas bolas de “cotão” de palha em versão farwest. Árvores caídas no meio da estrada. E de repente chuva tropical carregada de pó. Foram quinze minutos intensos desta tempestade de areia em modo pó alentejano. Um verdadeiro Texas no Alentejo. Chegamos ao turismo rural e guarda-sóis partidos, piscina coberta de folhas, foi uma coisa a sério!
Ajudámos a senhora do turismo a apanhar as coisas do chão, limpámos a piscina para mais 158 mergulhos!
Como não estávamos nada cheios, lá nos preparamos para ir jantar! É como vos digo, um fim de semana de comer sem parar! Jantámos em Vaiamonte, na Taberna Tintos e Petiscos. É o segundo ano consecutivo que vamos, é para amantes de carnes. Dizem que é ótimo!!! Eu tive a sorte de ter alguém que me cozinhou tofu e levou para restaurante!! Ter amigos assim é ter tudo! Seguimos a dar um pézinho de dança nas festas da aldeia.
[Aparte: saímos de umas festas para nos meter noutras…. Não comento]
No dia seguinte, o Tini acordou com febre. Decidimos encurtar o fim de semana e voltámos para casa mais cedo. Ainda deu para irmos dar um pézinho de dança nas nossas festas. Mas sofremos horrores à noite… agora já me lembro porque é que não fico em casa nas festas – foi música pimba até às 5 da manhã, entre benurons e ibuprofenos dos miúdos… NINGUÉM MERECE!
Sendo que o meu fim de semana foi zero cultural ou educativo, aqui ficam as dicas para quem pensa em dar umas voltas para aqueles lados:
Alter do chão
Vale a pena ir até à Coudelaria ver os cavalos, dar uma espreitadela à praça de touros e ao castelo. Restaurantes: Churrasquinho Alentejano e Páteo Real
Fronteira
Praia fluvial, tem uma piscina por cima para quem não adora dar mergulhos em águas de ria. No topo da praia há um observatório que deve ser giríssimo para os miúdos [tenho pena de não ter feito]. O museu da famosa batalha dos Atoleiros fica na avenida principal de Fronteira. Restaurantes: Segredo do alecrim
Crato
Visitar o mosteiro Flor da Rosa, Convento e Igreja de Santo António e castelo da Azinheira. Restaurantes: Monte da Pedra (não é bem Crato, mas vale a pena)
Perdidos no campo
Anta da Aldeia da mata, castelo de Alter Pedroso, e percam-se nas estradas pequeninas com vistas inacreditáveis para campos sem fim
E vocês conhecem esta zona? O acharam?
Boas viagens
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