Dia 5 – Ella

Hoje era o dia da mediática viagem de comboio, sabem aquela foto super conhecida da cabeça de uma pessoa a sair pela janela de um comboio azul, pois é, é aqui no Sri Lanka e pelos visto it’s a must!! Tentei arranjar os bilhetes online, mas estavam esgotados até 2034, por isso desisti e disse ao Dylan que tínhamos que nos mexer para conseguir comprar na estação. Assim foi, deixámos a nossa antiga casa senhorial com zero isolamento, onde ouvi os 150 mil petardos lançados pela noite fora, rumo a Nanu oya – onde iámos apanhar o comboio. O comboio parte de Kandy até Badulla, passando por Ella, mas são mais de 8h e achámos que 2h seriam o suficiente. Aquilo que não sabíamos é que toda esta parte é na montanha, com estradas de montanha, num país de terceiro mundo – estreita, curva atrás de cura e condições duvidosas. Escusado de dizer que assim que parámos para ver uma plantação de chá atirei-me para o chão de felicidade e de mau estar. Visitámos a fábrica de chá e ficámos a saber que chá preto, verde e golden vem todo da mesma folha, só difere na quantidade de vezes que é triturado e “massacrado”! Provámos 50 tipos de chá diferente e comemos (muito) bolo de alguma coisa – que eu tenho a certeza que era iogurte apesar da senhora ter tido que não. Nisto a Emma e o Tini na maior não é, saltavam e riam na maior, curvas ou sem curvas para eles era-lhe indiferente.

Este foi o único dia que não almoçamos, comemos cenas, bom a Emma comeu papa dentro de uma lata de Pringles falsas! Quando chegámos à estação fui a correr, com o Dylan, ver se conseguia bilhetes para nós. Só pagam os adultos e é um preço irrisório. CONSEGUIMOS, mas saia daí a 20m, fomos às “lojinhas” ali à volta e compramos o que havia: bananas, Pringles, mais água, bolachas, empanadas, um género de sandes extramente picante até para mim. À espera do comboio o Tini fez uma amiga, corriam por todo o lado, gritavam de alegria e falavam a mesma língua, era francesa!!!!

Eu a achar que tinha sido brilhante o “move” de apanhar o comboio a 2h de Ella, enganei-me quando o resto dos turistas da ilha pensaram o mesmo que eu. O comboio chegou e parecia o metro de Londres em hora de ponta… NÃO HAVIA UMA PORRA DE UM LUGAR, as pessoas empurravam-se… os pais da amiga do Tini é que foram espertos (ou não). Não é que enfiaram a miúda pela janela para guardar o lugar aos pais….. muita bem pensado! Nós depois de vários empurrões conseguimos entrar, e um australiano AMOROSO cedeu-nos o lugar. Erámos 3 num lugar, com uma senhora abastante avantajada ao lado, por isso erámos 3 e mais um bocadinho do rabo da senhora do lado num lugar de comboio! O Afonso ia de pé e tentava tirar fotografias para nos mostrar a paisagem do lado que não conseguíamos ver. Mas de repente, nem meia hora depois, fica um nevoeiro cerrado e um frio do cacete… Ainda bem que tínhamos casacos para os miúdos! Por isso vista CAPUTE, o Tini entreteu a carruagem com as suas palhaçadas de macaquinho, e a Emma com o seu roncou o resto da viagem.

Chegámos a Ella e respirámos ar puro da montanha! Ella é uma villazinha feita para o “Tórist”, cheia de cafés, restaurantes, lojinhas de roupa o triplo do preço, mas também é daqui que partem para fazer treeking ao Adam´s peak, ao Little Adam’s peak e a outros peaks cujo nome desconheço.

Sendo que ainda tínhamos umas horas de sol aproveitámos para ir à ponte dos 9 arcos – aquela outra foto famosa do Sri Lanka. O Tini depois de tanta palhaçada estava a ressonar profundamente na van do Dylan por isso fomos só com a Mimi para esta aventura. Quando percebemos que a estrada não parava e decidimos parar um dos tuk tuk loucos que por ali passava. 3 kms a subir?????? Estão mas é malucos, pagámos o tuk tuk clarooo, os 3 euros mais bem gastos da minha vida (ida e volta). Mesmo assim o tuk tuk só chega até certo ponto depois é a andar, ou a derrapar não percebi. Tinha chovido, havia lama por todo o lado, com a Mimi às costas e nós com as nossas havaianas chegámos até à parte da mini escalada, apreciámos as vistas, tirámos fotografias e voltámos para trás. Ainda fomos a uma cascata onde os locals gostam de se banhar e a gordinha comeu a sua primeira maçaroca, como não sei, mas os seus 6 dentes deram conta do assunto!

O Tini continuava a dormir quando chegámos ao hotel, só acordou quando viu uma caixa de lego vazia debaixo da arvore de natal, ficou todo contente com o presente vazio, que o senhor lá lhe teve de oferecer!! Crianças!! Jantámos das melhores pizzas de sempre, ou então a fome era tanta que parecia um manjar dos deuses!

 

Dia 6 – ida para Bentota

Eu não tinha noção, mas as estradas nesta terra são realmente mázinhas. Existe uma autoestrada perto de colombo, de resto é tudo “nacionais”.  O que o google maps te diz 4h são na realidade 5h, mais o tempo de paragem claro. Por isso de Ella até Bentota foi quase o dia todo… 6 horinhas ali non stop!

Começámos o dia com um pequeno almoço de verdade, acabou-se os pequenos almoços de hotel. Fomos a um cafezinho e escolhemos, não era bom, mas o café era… não dá para ter tudo! Pagámos o pequeno almoço ao Dylan ficou todo comovido e passou o tempo com um dos miúdos ao colo – motorista/ babysitter!!

A caminho da praia parámos na zona das pedras preciosas, vimos como eles fazem a extração das pedras em si. Um método bastante roots de água a passar por vários filtros, tudo feito em cana e folha de bananeira. Depois parámos no mercado onde eles fazem a troca e vendem as pedras em bruto. Claro que tens sempre aquele que te mostram as pedras trabalhadas, mas a verdade é que nós não percebemos nada do valor e não me diz nada ter uma safira ou uma esmeralda… call me crazy! EM BRUTO, se for num anelito não digo que não!!!

Também aproveitei para fazer compras para os miúdos nos mercados locais, calças largueironas com elefantes por 2€ outras a 3€… bons negócios! Mais uns templos a caminho, mas completamente random, passávamos por eles e parávamos para ver. Vimos imensos templos indianos em vez de budistas. Esta zona da ilha tem muitos indianos crentes, eles acreditam em milhares de deuses e os templos deles são uma explosão de cores e de milhares de figuras de deuses diferentes!

Finalmente às 3.30 da tarde chegámos à praia. Despedimo-nos do nosso Dylan e fomos a correr para a praia. A água não tem aquele aspeto paradísico azul turquesa, tem ondas, é um guincho em tamanho bebé, mas com a água estupidamente quente!!

Que bom, agora é só relaxar, praia, comer, dormir, fazer castelos de areia e repetir tudo outra vez!

 

Dia 7 e 8 – Bentota

Fizemos o que planeamos – muito pouco ou nada. Foi maravilhoso! Ficámos num hotel ótimo em cima do mar, almoçávamos no hotel entre a piscina e praia. Os miúdos dormiam a sesta nas espreguiçadeiras debaixo dos coqueiros. Fizemos 425 castelos com piscina diferente, ao ponto que um dos 43 empregados do hotel encarregados da secção praia trouxe uma enxada e pá e teve ali a cavar uma piscina olímpica – os miúdos passaram-se óbvio.

A quantidade de gente a trabalhar é sempre uma questão me intriga. Qualquer sítio que se vá há 4 tipos a fazer o mesmo, mas não é por isso que o serviço é mais rápido ou melhor. Já me perguntei se será para dar emprego a mais gente, visto que o salario mínimo são nada mais nada menos que 48 euros…… 48 EUROS…………….. dá que pensar, não dá?

Ao fim do dia levantava sempre um bocadinho o vento e migrávamos para a piscina, que estava literalmente a 10 metros. E depois íamos jantar fora, um dos dias fomos ao famoso Amal seafood restaurante, umas reviews ótimas. Fomos tratados abaixo de cão, literalmente, mandavam os pratos para cima da mesa, trombudos daqui até à lua. Eu não sei quanto a vocês, mas a mim servem-me assim a comida até pode ser o melhor que há no mundo que eu não vou gostar. Gorgeta = 0

Uma experiência que nos marcou a todos foi o santuário das tartarugas. Mais uma vez arranjámos um driver de tuktuk que nos fez as voltas todas os dias todos! É um bom truque, escolhe-se um negoceia-se bem e fica o driver para os dias todos. O primo dele trabalha no santuário, tivemos um tour privado. Explicou-nos o que as tartarugas desovam naquela praia e os pescadores apanham os ovos – ALTAMENTE PROIBIDO – e que ou eles compravam ou iam para o mercado serem vendidos para comer. Cada ovo custa 30 rupias = 14 cêntimos. Eles compram o máximo que podem e voltam a meter debaixo da areia até desovarem. Quando as tartaruguinhas nascem, o primeiro instinto delas é ir para o mar, mas a grande parte é apanhada pelas gaivotas e nem chega a entrar no mar. O que fazem aqui é garantir que as tartarugas chegam ao mar sã e salvas. As pessoas que estão ao amanhecer e ao pôr do sol (6 da manhã e 6 da tarde) têm o enorme prazer de conduzir uma destas bebés até ao mar. Sabem o que é ter uma tartaruguinha minúscula na mão e vê-la a ir desajeitadamente até ao mar?? É inacreditável!! O Tini estava maravilhado só dizia – Ohhhhh são tão queridas, ohhhhh. E a Emma pisou uma… ficou bem atenção, mas pronto achou que era um alvo a atingir, sei lá!! Destas tartarugas só 10% chega à a idade adulta, impressionante 10%. As que têm algum defeito na carapaça ou numa barbatana ficam no santuário e são cuidadas por eles. Como as albinas, que tinham uma enorme e duas bebezinhas, porque essas não conseguem camuflar-se por isso não sobrevivem de certeza em alto mar. Também vimos 4 espécies diferentes de tartarugas – as mais predominantes no Sri Lanka. VALEU MUITO MUITO A PENA!!

 

Dia 9 – Galle

Depois de uma manhã no nosso ritual de praia, castelos, piscinas e afins fomos passear até Galle. Galle é um forte construído pelos Holandeses em 1663, agora podia vos dar a seca histórica, mas ninguém merece. O importante é que é um MUST, giro, giro, giro, até digo que é uma verdadeira lufada de ar fresco. Para além da sua componente histórica que vale muito a pena, está cuidado, tem restaurantes e cafés cheios de pinta e bons. Lojas de decoração de cair para o lado e de ficar sem um rim, mas é bonito de se ver. Agora atenção aconselharam-nos a não comprar pedras preciosas aqui, ao que parece a qualidade é meia duvidosa, por isso se for faça o trabalho de casa antes.

Passámos uma tarde do cacete, demos a volta ao forte pela muralha, apanhámos uma escalda, comemos 2 gelados cada um e bebemos café “come i cristiani” – uma expressão que o pai adora usar para explicar uma coisa como deve de ser, estes italianos!!

 

No caminho de Bentota para Galle passa-se por paisagens incríveis, pela zona das esculturas de madeiras e pela zona das pedras preciosas – há várias zonas destas pedras. Por isso se procura comprar artesanato aconselho nesta zona porque Galle é fogo.

 

Dia 10 – a despedida

Fizemos o que fazemos melhor, praia, castelos, piscina, batatas fritas (no último dia vale tudo), sesta na praia e croquetes de areia – de tal forma que chegámos a Lisboa ainda com areia no cabelo! E às 4 da tarde o nosso querido Dylan veio nos buscar para o fim…. O aeroporto. Nisto a Emma acordou quentinha, e ao longo do dia foi piorando, deixei na mala o brufen e benuron e foi uma festa até hoje que acabou o antibiótico.

O embarque – Tivemos 2h no check-in porque os (#$%&”) dos senhores burros que nem uma porta não conseguiam fazer upgrade aos nossos lugares com milhas, depois viemos a perceber que sim efetivamente conseguiram, mas são burrinhos que nem perceberam que conseguiram – desculpem, mas este tema tiram-me do sério. Regra geral nós ou convertemos pontos do american express em milhas ou compramos milhas para fazer upgrade MUITOOOOO MAIIII BARATO ou quase grátis!!

No meio desta confusão só fizeram um upgrade e foi o Afonso, que não foi muito inteligente porque quem levava a Emma era eu. Nisto ela cheia de febre, trocámos o lugar ÓBVIO. E não é que chega a parvinha da menina do check-in que diz que tinha que ser o Afonso e não podia ser eu??? O que é que eu faço? Respiro fundo e mando-lhe 3 berros, digo que a culpa era dela porque eu tinha dito que em caso de só dar um era eu e a bebé. Funcionou…. Mas depois chegou a chefe de cabine que me diz que tem que fazer um relatório porque a Emma estava doente. Tira a febre, fala com o comandante, este liga a um médico, avião atrasado, todo um circo e eu a suar a pensar que se ficássemos em terra ia haver mortos…. A minha sorte é que a febre já tinha baixado e estava só com 38.5 (tinha 40 graus 20m antes). Lá nos deram permissão e foram fazendo check dela de 2 em 2 horas, trouxeram comida extra, leite em fartura, foram amorosas.

 

Dia 11 – Dubai e Lisboa

Chegámos ao Dubai e a Emma continuava péssima, uma assistente de bordo disse-me para ir a uma farmácia especifica comprar umas coisas – patches – que ajudam arrefecer a febre, e funciona mesmo, não volto a viajar sem aquilo. Fomos fazer horas para o lounge, eu tive a capacidade de adormecer na pior posição da história e claro que acordei parecia que tinha levado com um comboio em cima. Mas dormi e não tinha um saco de água quente em cima chamado Emma. Nisto eram 7 da manhã nós mal dormidos a precisar de outro banho e claro, o que é que acontece quando voas para Lisboa?? Encontras sempre alguém conhecido!!!! Conversa e tal, a miúda sempre de fraldas, mas agora com uma coisa azul na cabeça para baixar a febre, toda ela um hit fashion!

E mais 150 horas de avião, custa muito a volta, sabes que vais voltar para casa, as férias acabaram, já não há motivação para aquele desconforto do avião. O lugar ao nosso lado estava vazio por isso a Emma ficou à patroa e eu consegui ter “vida”, no fundo dormi e comi, e esqueci-me de por creme por isso fiquei com borbulhas de miúda de 13 anos durante uma semana, foi TOP!!

Aterrámos tomámos banho e a Emma e eu fomos à pediatra, não fosse ela ter apanhado uma porcaria qualquer de lá, mas era só uma otite, mais uma. E o Afonso fez a mala e foi para Nova York, como admiro este homem, deu quase a volta ao mundo com um sorriso na cara, refilou um bocadinho, mas é um herói.

FIM

Foram umas GRANDAS férias é só o que vos posso dizer!