Estive um pouco ausente esta semana, mas tive um pequeno episdóio que acabou por ocupar toda a semana.

Ora, tudo começou num belo dia em que tenho que ir ao banco tratar de papelada. O meu banco é na rua Augusta, Baixa-Chiado. Sim, eu sei, dá imenso jeito para estacionar… mas depois dá sempre para dar uma voltinha pelas lojas. 
Pois é, mas acabaram-se as voltinhas às lojas do Chiado. Na terça-feira passada fui assaltada, roubada, humilhada e fiquei sem carteira no Chiado.

Nós vivemos no Chiado até há um ano. Bom, na realidade, viver, viver, só vivemos, a tempo inteiro, um ano e meio – quando erámos solteiros e bons rapazes – há 8 anos! Depois mudámo-nos para Londres, mas o Chiado sempre ficou o nosso pousio em Portugal.

Eu sei que é a zona mais turística de Lisboa, e eu sei que a população carteirista tem crescido a olhos vistos. Sempre me ensinaram que, em lugares muito cheios, tem que ser ter especial cuidado com as nossas coisas. Mala a tiracolo, virada para a frente e de preferência com o fecho para contra nós. Pois é, e era assim que estava a minha.

Tive de ir ao banco buscar um cartão novo, e com isto, a carta com o código do cartão. Mas tive um feeling estranho, era muita informação ali toda junta no mesmo espaço.

O feeling passa, e os olhos veem saldos em todas as montras. E que melhor sítio para compras que o Chiado num dia de sol? Vou subindo e entrando em algumas lojas para espreitar, até que paro na TIGER, à frente dos armazéns do Chiado, para a substituição da muito usada espada do Tini. Voltas e mais voltas, porque aquela loja é labiríntica, e finalmente chego à caixa. Vejo uma senhora com uma água e penso: “Maravilha, nem sabia que vendiam água aqui!”. Na fila para pagar, viro-me e estico o braço para tirar uma garrafa, volto-me para frente e BANGGG mala aberta e a carteira já era.

Tive 2 segundos em que pensei: “WHAT THE F@CK, como é que isto aconteceu” – Não sei, e já dei voltas e voltas à cabeça e não entendo. Tenho que admitir que estes ordinários são bons.

Zas trás pas e BUMMM, roubam-te parte da vida.

Como boa cena dramática de um filme, começo aos berros no meio da TIGER – “Fui roubada!! A minha carteira! ROUBARAM a minha carteira”.  E passo a explicar, para minha surpresa, a reação das pessoas e funcionários foi –    ….     – isso mesmo, NADA. Nem um movimento, nem um piscar de olhos, nickles pestiques. Empatia não consta no dicionário emocional destas pessoas.

Depois percebi porquê. Isto é o pão nosso de cada dia (adoro esta expressão!) deles. Há dezenas de roubos na TIGER por semana.  

O QUÊ???? Então sabem que isto acontece (quase diariamente), as pessoas são roubadas dentro da vossa loja, e não fazem nada? Que tal um segurançazinho à porta?… Para reconhecer os canalhas que fazem isto e chamar a polícia?

[local do crime – aquela loja que nunca mais vai ter o prazer  de contar com a minha presença]

Vou passar à frente, porque isto é um tema que deixa-me exaltada. Aliás estou a escrever este post, e a pensar que talvez escreva para os escritórios centrais da TIGER, a alertar a situação. Podem não fazer nada, mas eu pelo menos tentei. E eu, euzinha, jamais porei os meus pezinhos em tal estabelecimento – azar para o Tini que vai ter que viver sem uma espada!

No meio deste alvoroço, que era só meu, chamo o manager e exijo ver as câmaras. Ele mandou-me para polícia. E assim fui. Rua fora a disparatar ao telefone com o Afonso que já estava no avião a caminho de sei lá onde.

Desamparada, e aqui entra o meu ato de miúda de 15 anos, ligo ao meu pai.  Entre berros e lágrimas ele diz-me que me vem buscar, e aqui o meu mundo melhorou.

Estava tão irritada, furiosa, possuída de raiva, que passei pela esquadra duas vezes sem perceber. Quando finalmente acerto e entro, vejo dezenas de turistas exatamente na mesma situação.  Que grande cidade que Lisboa se tornou, sim senhor…

Em 10 minutos já tinha cancelado todos cartões, já tinha mandado fazer cartões, já estava a agendar para refazer documentos e falar com a polícia nada. Eram 8 agentes da autoridade. Três conversavam alegremente sobre futilidades. Dois cochichavam e partiam-se a rir numa sala. E outros dois atendiam uns turistas – um escrevia a queixa no computador, com um dedo, e outro revia o trabalho – género corretor automático, estão a ver? E por fim o último tirava coisas do nariz e atirava-as para o chão.

Quando chegou a minha vez, quarenta e sete minutos mais tarde, nem queria acreditar!! Entrei numa sala, e comecei a queixar-me, muito. Mas este senhor, também, escrevia apenas com os seus indicadores. Passei a queixar-me, muito, mas muito devagar.

Trinta e cinco minutos mais tarde, o meu pai bufava, e eu sabia de tudo o que se passava na região. Os esquemas, como é que eles roubam, o que é que eles roubam, os grupos, como rodam de x em x tempo. Não trouxe a minha carteira de volta, nem me trouxe felicidade, mas o senhor agente estava entusiasmado e quem sou eu para dizer o que quer que seja!

[o canto do terror]

Derrotada, saí da esquadra e fui diretamente pedir cartões novos ao meu banco. Senti-me logo melhor, ou mais independente!

Foi a primeira vez que algo assim me aconteceu. Fiquei surpreendida com a rapidez das coisas – cancelar os cartões e emitir novos.

Passei o resto do dia com um sentimento de revolta – violaram as minhas coisas, o meu espaço pessoal. Em sete anos de Londres, mala sempre aberta, e nunca me aconteceu nada.

Mas minha terra, na minha cidade, ao lado da minha antiga casa, ainda por cima tendo cuidado para não deixar a mala a jeito – fui roubada.

Já estou como aquela música – Podem ficar com a carteira, com os 15 euros, mas não fiquem com os documentos, que é um pincel voltar a fazer tudo.

 

E foi isto, passei o resto da semana entre a loja do cidadão, o IMT, o SEF, as finanças, a juntade freguesia, enfim. SEMANA TOP!

 

Mais uma aventura, mais uma viagem – não muito longa ou agradável, mas aqui fica o meu testemunho.

Cuidado quando forem ao centro histórico, cuidem as vossas coisas, que eles são cromissímos na arte do “desaparece”.

Sei que não fui a única a passar por isto, como é que foi a vossa experiência? Recuperaram alguma coisa?

Boas viagens 

F